domingo, 16 de maio de 2010

IV - Correspondências


A Natureza é um templo onde vivos pilares

Podem deixar ouvir confusas vozes: e estas

Fazem o homem passar através de florestas

De símbolos que o vêem com olhos familhares.

Como os ecos além confundem seus rumores

Na mais profunda e mais tenebrosa unidade,

Tão vasta como a noite e como a claridade,

Harmonizam-se os sons, os perfumes e as cores.

Perfumes frescos há como carnes de criança

Ou oboés de doçura ou verdejantes ermos

E outros ricos, triunfais e podres na fragrância

Que possuem a expansão do universo sem termos

Como o sândalo, o almíscar, o benjoim e o incenso

Que cantam dos sentidos o transporte imenso.


Charles Baudelaire

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