domingo, 16 de maio de 2010

Alfred de Musset




Alfred Louis Charles de Musset nasceu em Paris no dia 11 de Dezembro de 1810. Filho de Victor-Donatien de Musset-Pathay e de Edmée Guyot-Desherbiers, aos nove anos de idade, foi matriculado no Lycée Henri-IV. Já manifestava nestes primeiros anos acadêmicos seu talento em relação às letras; certamente herdado de sua família, na qual seu pai e avô eram escritores bem conceituados. Sendo que seu pai mantinha um estreito laço de amizade com Jean-Jacques Rousseau. Deste modo, não é exagero afirmar que Rousseau influiu fortemente na fundamentação da obra de Musset.

Aos dezessete anos, com a obra A origem de nossos sentimentos, conquistou a segunda colocação em um concurso de escrita em latim. Em seguida optou por cursar medicina. Entretanto, por não se identificar com a profissão, decidiu abandonar o estudo. Em segudia, ainda envolveu-se com Direito, desenho, ensino da língua inglesa, piano e saxofone. Paralelamente, orientado por Paul Focher, passou a freqüentar o Cénacle, o salão literário da Bibliothèque de l'Arsenal. Foi neste momento que o jovem Musset percebeu sua vocação literária.

Com apenas dezenove anos de idade, em 1829, publicou seu primeiro livro: Contes d'Espagne et d'Italie, no qual encontrava-se paródias de algumas obras românticas. Este trabalho elevou o nome de Musset entre os intelectuais do Cénacle, despertando admiração por sua ousadia e repúdio por parodiar obras consagradas.

Em 1830, Musset estreou no teatro a comédia La Nuit vénitienne, na qual tentou combinar tendências clássicas e românticas. Esta primeira investida teatral não foi bem sucedida e sentiu-se desencorajado a continuar escrevendo peças. Entretanto, apenas três anos mais tarde, retorna ao teatro com La Coupe et les Lèvres (drama), À quoi rêvent les jeunes filles? (comédia) e o contoNamouna. Em 1832, Musset, na ocasião da publicação da obra Indiana, conhece a escritora George Sand (pseudônimo da baronesa Amandine Lucie Aurore Dupin), doze anos mais velha. Musset e Sand iniciam um romance e partem para a Itália. Durante esta viagem Musset escreveLorenzaccio. O casal passa dois anos na Itália quando Musset adoece e George envolve-se com o médico que cuidava do escritor. O fato foi determinante para o fim da relação. Após restabelecer-se, o escritor regressa a Paris. As peças Le Chandelier, On ne badine pas avec l'Amour e Il ne faut jurer de rien mantêm-se em cartaz. Paralelamente, escreve algumas novelas em prosa e a conhecida Confession d'un enfant du siècle (Confissão de um filho do século - que registra pela primeira vez o uso da expressão "Mal do século" como o estado de desencanto e vaga melancolia). Esta obra é uma autobiografia consagrada à ex-amante, na qual Musset manifesta suas lamúrias devido à infidelidade da companheira. Esta relação também inspirou a peça On ne badine pas avec l'amour, de 1834.

Entre os anos de 1835 e 1837, Musset escreve Les Nuits (Nuits de mai, d'août, d'octobre, de décembre) que se tornaria referência do gênero romântico da França e que aborda o sofrimento amoroso, amor e inspiração, na qual o escritor dialoga com sua musa. Ainda, Lettre à Lamartine, de 1836, na qual afirma ser o amor a fonte principal da arte. Dessa fase também surgiram Les Caprices de Marianne e Un caprice. A partir de 1837 sua saúde já não apresenta o mesmo vigor da juventude.

Ainda, foi nomeado bibliotecário do Ministério do Interior; entretanto, perdeu seu cargo após a Revolução de 1848, sendo, em seguida, convidado a atuar no Ministério da Instrução Pública.

Em 24 de Abril de 1845, Musset e Balzac receberam a Légion d'honneur. Musset, em 1848 e 1850, logrou ingressar na Académie Française, obtendo sucesso apenas em 1852. Neste momento, devido a uma má formação cardíaca congênita, o escritor encontrava-se constantemente adoentado. Sua situação agravou-se devido ao alcoolismo e a um estilo de vida totalmente desregrado.

Finalmente, faleceu Alfred Louis Charles de Musset, em Paris, no dia 2 de maio de 1857. Sobre o desejo de seu irmão, Paul de Musset, o escritor foi sepultado no cemitério Père Lachaise onde agora há uma escultura em sua homenagem. Paul de Musset também foi responsável pela composição biográfica póstuma e reedição de várias obras de Musset.

Em 1859, George Sand publicou Elle et lui, uma novela autobiográfica em resposta à Confession d'un enfant du siècle de Musset. A relação amorosa ainda rendeu, em 1902, uma espécie de estudo entre a relação afetiva e intelectual entre Sand e Musset, através do Les Amants de Venise - George Sand et Musset, de Charles Maurras.

Alfred de Musset encarnou a figura do poeta boêmio e romântico do século XIX. Sua obra, fortemente influenciada por Vitor Hugo, solidificou os conceitos do romantismo na França e ecoou no Brasil através de Álvares de Azevedo.


Demon Woman

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